quinta-feira, 4 de julho de 2013

VÃO OS ANÉIS E TAMBÉM OS BRINCOS..



O primeiro fora roubado, assim como muitas coisas já haviam sido, assim como muitos eventos primeiros que também não existiam mais.
A história de cada um deles era muito peculiar: a aliança de bodas de prata de seu avô encaixara perfeitamente em seu dedo após a morte dele, a aliança celta fora cobiçada na vitrina em época ritualística de sua vida, o do dedão comprara de um camelô qualquer (e ele jurou ser Maia quando vendeu) e os outros dois ganhara de uma amiga em tempos diferentes, com significados diferentes – o Grego indicador e a aliança em Cruz.
Já os brincos não eram símbolo da adolescência, pelo contrário, fizera quatro furos significativos de uma jovial liberdade adulta.
Com o tempo esses materiais tornaram-se indicadores de situações e emoções, pretejavam, avermelhavam, azulavam... Às vezes por nada, outras por tudo – independente de manter qualquer espinha ereta ou o coração tranquilo, pois a mente, ahhh... Essa jamais lhe dera sossego.
Esses objetos eram tão parte dele que pareciam tatuados, colados ou brotados de sua pele, sim, como os eczemas emocionais que acompanhavam as variações de humor.
Existe uma hora que as coisas vão, mesmo ficando eternamente impregnadas, como os sinais, os furos, as feridas. Desapegar não é simples, mas a questão é ir e elas vão ou pelo menos mudam.
Bem, os anéis estavam velhos, pretos, usados e não aguentavam mais fazer parte de algo, significar algo. Foram depositados em um altar junto com suas dúvidas, medos e milhares de pensamentos que insistiam em persegui-lo.
Agora não sabia se iria limpar lustrar, voltar a usar ou... Abandonar de vez.
 04/07/2013


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