quarta-feira, 31 de agosto de 2011

MEMÓRIAS DE GARAGEM - EM BREVE...

  Memórias de Garagem, conta, canta e relata o momento de transição de 6 adolescentes: Bernardo, Cinara, Isabela, Alana, Cadú e Felipe. Eles estreitam seus laços em uma festa que aparentemente não vai dar em nada, e o que acontece? Uma afinidade que será pontual para o resto de suas vidas.
            Em uma narrativa não linear, passado, presente e futuro se encontram para mostrar os medos, frustrações, expectativas e descobertas de uma fase que é relevante para apontar as escolhas construtivas para o futuro.

domingo, 28 de agosto de 2011

EROS E PSIQUÊ


OFEREÇO ESSA POSTAGEM A TODOS QUE ACREDITAM NO ENCONTRO DA ALMA E DO AMOR! SAUDAÇÕES AO MEU AMIGO EROS E MINHA AMIGA PSIQUÊ :) - 








A Bela história de EROS e PSIQUÊ

Psique era a mais nova de três filhas de um rei de Mileto e era extremamente bela. Sua beleza era tanta que pessoas de várias regiões iam admirá-la, assombrados, rendendo-lhe homenagens que só eram devidas à própria Afrodite.
Profundamente ofendida e enciumada, Afrodite enviou seu filho, Eros, para fazê-la apaixonar-se pelo homem mais feio e vil de toda a terra. Porém, ao ver sua beleza, Eros apaixonou-se profundamente.
O pai de Psique, suspeitando que, inadvertidamente, havia ofendido os deuses, resolveu consultar o oráculo de Apolo, pois suas outras filhas encontraram maridos e, no entanto, Psique permanecia sozinha. Através desse oráculo, o próprio Eros ordenou ao rei que enviasse sua filha ao topo de uma solitária montanha, onde seria desposada por uma terrível serpente. A jovem aterrorizada foi levada ao pé do monte e abandonada por seu pesarosos parentes e amigos. Conformada com seu destino, Psique foi tomada por um profundo sono, sendo, então, conduzida pela brisa gentil de Zéfiro a um lindo vale.
Quando acordou, caminhou por entre as flores, até chegar a um castelo magnífico. Notou que lá deveria ser a morada de um deus, tal a perfeição que podia ver em cada um dos seus detalhes. Tomando coragem, entrou no deslumbrante palácio, onde todos os seus desejos foram satisfeitos por ajudantes invisíveis, dos quais só podia ouvir a voz.

Chegando a escuridão, foi conduzida pelos criados a um quarto de dormir. Certa de ali encontraria finalmente o seu terrível esposo, começou a tremer quando sentiu que alguém entrara no quarto. No entanto, uma voz maravilhosa a acalmou. Logo em seguida, sentiu mãos humanas acariciarem seu corpo. A esse amante misterioso, ela se entregou.. Quando acordou, já havia chegado o dia e seu amante havia desaparecido. Porém essa mesma cena se repetiu por diversas noites.
Enquanto isso, suas irmãs continuavam a sua procura, mas seu esposo misterioso a alertou para não responder aos seus chamados. Psique sentindo-se solitária em seu castelo-prisão, implorava ao seu amante para deixá-la ver suas irmãs. Finalmente, ele aceitou, mas impôs a condição que, não importando o que suas irmãs dissessem, ela nunca tentaria conhecer sua verdadeira identidade.
Quando suas irmãs entraram no castelo e viram aquela abundância de beleza e maravilhas, foram tomadas de inveja. Notando que o esposo de Psique nunca aparecia, perguntaram maliciosamente sobre sua identidade. Embora advertida por seu esposo, Psique viu a dúvida e a curiosidade tomarem conta de seu ser, aguçadas pelos comentários de suas irmãs.

Seu esposo alertou-a que suas irmãs estavam tentando fazer com que ela olhasse seu rosto, mas se assim ela fizesse, ela nunca mais o veria novamente. Além disso, ele contou-lhe que ela estava grávida e se ela conseguisse manter o segredo ele seria divino, porém se ela falhasse, ele seria mortal.
Ao receber novamente suas irmãs, Psique contou-lhes que estava grávida, e que sua criança seria de origem divina. Suas irmãs ficaram ainda mais enciumadas com sua situação, pois além de todas aquelas riquezas, ela era a esposa de um lindo deus. Assim, trataram de convencer a jovem a olhar a identidade do esposo, pois se ele estava escondendo seu rosto era porque havia algo de errado com ele. Ele realmente deveria ser uma horrível serpente e não um deus maravilhoso.
Assustada com o que suas irmãs disseram, escondeu uma faca e uma lâmpada próximo a sua cama, decidida a conhecer a identidade de seu marido, e se ele fosse realmente um monstro terrível, matá-lo. Ela havia esquecido dos avisos de seu amante, de não dar ouvidos a suas irmãs.

A noite, quando Eros descansava ao seu lado, Psique tomou coragem e aproximou a lâmpada do rosto de seu marido, esperando ver uma horrenda criatura. Para sua surpresa, o que viu porém deixou-a maravilhada. Um jovem de extrema beleza estava repousando com tamanha quietude e doçura que ela pensou em tirar a própria vida por haver dele duvidado.
Enfeitiçada por sua beleza, demorou-se admirando o deus alado. Não percebeu que havia inclinado de tal maneira a lâmpada que uma gota de óleo quente caiu sobre o ombro direito de Eros, acordando-o.

Eros olhou-a assustado, e voou pela janela do quarto, dizendo:
- “Tola Psique! É assim que retribuis meu amor? Depois de haver desobedecido as ordens de minha mãe e te tornado minha esposa, tu me julgavas um monstro e estavas disposta a cortar minha cabeça? Vai. Volta para junto de tuas irmãs, cujos conselhos pareces preferir aos meus. Não lhe imponho outro castigo, além de deixar-te para sempre. O amor não pode conviver com a suspeita.”
Quando se recompôs, notou que o lindo castelo a sua volta desaparecera, e que se encontrava bem próxima da casa de seus pais. Psique ficou inconsolável. Tentou suicidar-se atirando-se em um rio próximo, mas suas águas a trouxeram gentilmente para sua margem. Foi então alertada por Pan para esquecer o que se passou e procurar novamente ganhar o amor de Eros.
Por sua vez, quando suas irmãs souberam do acontecido, fingiram pesar, mas partiram então para o topo da montanha, pensando em conquistar o amor de Eros. Lá chegando, chamaram o vento Zéfiro, para que as sustentasse no ar e as levasse até Eros. Mas, Zéfiro desta vez não as ergueram no céu, e elas caíram no despenhadeiro, morrendo.

Psique, resolvida a reconquistar a confiança de Eros, saiu a sua procura por todos os lugares da terra, dia e noite, até que chegou a um templo no alto de uma montanha. Com esperança de lá encontrar o amado, entrou no templo e viu uma grande bagunça de grãos de trigo e cevada, ancinhos e foices espalhados por todo o recinto. Convencida que não devia negligenciar o culto a nenhuma divindade, pôs-se a arrumar aquela desordem, colocando cada coisa em seu lugar. Deméter, para quem aquele templo era destinado, ficou profundamente grata e disse-lhe:
- “Ó Psique, embora não possa livrá-la da ira de Afrodite, posso ensiná-la a fazê-lo com suas próprias forças: vá ao seu templo e renda a ela as homenagens que ela, como deusa, merece.”
Afrodite, ao recebê-la em seu templo, não esconde sua raiva. Afinal, por aquela reles mortal seu filho havia desobedecido suas ordens e agora ele se encontrava em um leito, recuperando-se da ferida por ela causada. Como condição para o seu perdão, a deusa impôs uma série de tarefas que deveria realizar, tarefas tão difíceis que poderiam causar sua morte.

Primeiramente, deveria, antes do anoitecer, separar uma grande quantidade de grãos misturados de trigo, aveia, cevada, feijões e lentilhas. Psique ficou assustada diante de tanto trabalho, porém uma formiga que estava próxima, ficou comovida com a tristeza da jovem e convocou seu exército a isolar cada uma das qualidades de grão.
Como 2ª tarefa, Afrodite ordenou que fosse até as margens de um rio onde ovelhas de lã dourada pastavam e trouxesse um pouco da lã de cada carneiro. Psique estava disposta a cruzar o rio quando ouviu um junco dizer que não atravessasse as águas do rio até que os carneiros se pusessem a descansar sob o sol quente, quando ela poderia aproveitar e cortar sua lã. De outro modo, seria atacada e morta pelos carneiros. Assim feito, Psique esperou até o sol ficar bem alto no horizonte, atravessou o rio e levou a Afrodite uma grande quantidade de lã dourada.
Sua 3ª tarefa seria subir ao topo de uma alta montanha e trazer para Afrodite uma jarra cheia com um pouco da água escura que jorrava de seu cume. Dentre os perigos que Psique enfrentou, estava um dragão que guardava a fonte. Ela foi ajudada nessa tarefa por uma grande águia, que voou baixo próximo a fonte e encheu a jarra com a negra água.

Irada com o sucesso da jovem, Afrodite planejou uma última, porém fatal, tarefa. Psique deveria descer ao mundo inferior e pedir a Perséfone, que lhe desse um pouco de sua própria beleza, que deveria guardar em uma caixa. Desesperada, subiu ao topo de uma elevada torre e quis atirar-se, para assim poder alcançar o mundo subterrâneo. A torre porém murmurou instruções de como entrar em uma particular caverna para alcançar o reino de Hades. Ensinou-lhe ainda como driblar os diversos perigos da jornada, como passar pelo cão Cérbero e deu-lhe uma moeda para pagar a Caronte pela travessia do rio Estige, advertindo-a:
- “Quando Perséfone lhe der a caixa com sua beleza, toma o cuidado, maior que todas as outras coisas, de não olhar dentro da caixa, pois a beleza dos deuses não cabe a olhos mortais.”

Seguindo essas palavras, conseguiu chegar até Perséfone, que estava sentada imponente em seu trono e recebeu dela a caixa com o precioso tesouro. Tomada porém pela curiosidade em seu retorno, abriu a caixa para espiar. Ao invés de beleza havia apenas um sono terrível que dela se apossou.
Eros, curado de sua ferida, voou ao socorro de Psique e conseguiu colocar o sono novamente na caixa, salvando-a.
Lembrou-lhe novamente que sua curiosidade havia novamente sido sua grande falta, mas que agora podia apresentar-se à Afrodite e cumprir a tarefa.

Enquanto isso, Eros foi ao encontro de Zeus e implorou a ele que apaziguasse a ira de Afrodite e ratificasse o seu casamento com Psique. Atendendo seu pedido, o grande deus do Olimpo ordenou que Hermes conduzisse a jovem à assembléia dos deuses e a ela foi oferecida uma taça de ambrosia. Então com toda a cerimônia, Eros casou-se com Psique, e no devido tempo nasceu seu filho, chamado Voluptas (Prazer).

Acreditemos! Não vamos perder tempo... vamos desfrutar seu gosto!


A FÁBULA DO VENTO DO SUL

Para quem gosta, canta, segue, viu, vai ver ou repete a dose da Fábula,imagens da última apresentação (evento do Conselho Regional de Psicologia - Dia do Psicólogo - Início da Campanha "Eu Faço Parte") e a letra de uma das músicas mais cantadas... lalalalala A Fábula Vai começar!


Abram seus corações para a Fábula do Vento do Sul
Abram os seus corações para a Fábula do Vento do Sul
Hey!
Lalalalala lalalala lalalala
Lalalalala lalalala lalalala
Ouça vou lhe contar uma estória de arrepiar
Preste muita atenção e abra o seu coração!
Abram os seus corações para a Fábula do Vento do Sul
Lalalalala lalalala lalalala
Tem paixão e tem dor na Fábula do Vento do Sul
Coragem e amor na Fábula do vento sul
O meio não justificará nem o final
O todo é o que vai  levar a doce mensagem no ar
O meio não justificará nem o final
O todo é o que vai  levar a doce mensagem a cantar!
Por isso abram seus corações para a Fábula do Vento do Sul!
Lalalalala lalalala lalalala
Lalalalala lalalala lalalala
Cante a Fábula, Viva a Fábula, Sinta a Fábula do Vento do Sul!
Doce Fábula, Bela Fábula, é a Fábula do Vento Sul!
Onde o meio não justificará nem o final
E o todo é o que levará a doce mensagem no ar!
Cante a Fábula, Sinta a Fábula, SEJA a Fábula do Vento do Sul!
Lalalalala lalalala lalalala
Lalalalala lalalala lalalala
Hey!


 

Luiz Lopes, Gabi Olsen, Ana Glória Braga e eu... queridos amigos! Diversão faz parte da vida - qual a sua fantasia?

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

UM POÇO DENTRO DE MIM...

p/  minha irmã CLARICE BUENO

            Há semanas o poço estava cheio, não havia encontrado um meio de fazê-lo transbordar. Tentara de tudo: lirismo, mais água, chuva... Nada fora o suficiente.
Algumas palavras e alguns gestos foram derramados no poço que quase vazou – ainda assim não foram suficientes para renovar seu conteúdo. Foi então que pensou em repetir velhas técnicas: frustrou-se ao perceber que nem os livros de frases feitas que muitas vezes lhe davam esperança não tinham mais espaço, a livraria tinha um sabor novo de romance e teoria e não de fábulas e crenças, o cinema o levara para o inusitado... Porém quando se compartilha com o coletivo nem sempre se consegue transbordar, ninguém é obrigado a saber da profundidade do poço do outro, mas os rasos e fáceis de desvendar realmente não lhe interessavam naquele momento... Pensou: profundo demais? Raso demais ou nada demais? Vazou um pouco...
Questionou se no poço havia alguma porta, como num conto que ouvira, lembrou então que todas as portas estavam fechadas – o que não era de todo o mal – afinal, sua relação com outros poços era bem resolvida... A não ser que existisse uma porta emperrada, pensou. Foi então que numa prendida de ar mergulhou para dentro do poço sem pestanejar ou questionar qualquer outra coisa...
Dizem que encontrou um túnel por lá que dá acesso a outro poço! Isso lhe despertou novamente a curiosidade, o desejo de ser desbravador – “desvendador”, eu diria – os túneis que fazem essas ligações são misteriosos e sedutores demais.
Seja lá qual for o destino desse mergulho sabe-se que está seguro, pois não é e nem será o último dos mergulhos, nem a maior profundidade ou a menor altura, será apenas único como todos os outros que foram e que virão.
Mandou um sinal: lembrara das portas e túneis que encontrou das últimas vezes... e quanto mais tentava identificar-se com os caminhos ou tivesse algum tipo de mapa de nada adiantaria. Apenas tinha a garantia que por mais longo ou escuro que o túnel fosse ou onde a porta pudesse levar saberia que emergiria e que o sinal de sua volta seria marcado pelo jorrar do poço, tal qual uma fonte que purifica e lubrifica a existência.
Num rompante enxergou o céu e as formas luminosas dele.  Suspirou e sorriu aliviado.

Humberto Gomes
Curitiba, 17 de julho de 2009.

domingo, 21 de agosto de 2011



ENTRE TANTAS COISAS: SAUDADES DESSA PEÇA!

CICLANA: Somos amigos pode-se dizer que desde sempre, embora não tenhamos nos conhecido ao mesmo tempo, uma ligação existia.
BELTRANA: Hã...!
CICLANO: Tínhamos muitos amigos em comum e quando nos reuníamos os paralelos se encontravam em algum ponto, em alguma situação transversal ou tangente.
FULANA: Sempre encontrava.
FULANO: Frases do tipo: "isso tudo só aconteceu para que isso agora acontecesse senão nada teria acontecido dessa forma" ou algumas outras vãs filosofias de vida salpicavam e inspiravam aquelas vidas com sabor de seriado cotidianesco.
BELTRANA: Ciclano tinha o dom da conquista. Mas seu maior dom realmente era andar em labirintos.
CICLANO: Completamente perdido. Quem precisa saber da verdade do outro?
BELTRANA: Labirintos que ele mesmo criava. Seu maior desejo? Encontrar a saída com olhar panorâmico e quanto mais desejava esse panorama, mais fundo entrava no labirinto.
FULANA: Beltrana sempre foi miúda.
CICLANA: A menor de todas.
BELTRANA: Sempre tive o maior cabelo.
FULANA: Estilosíssima! Um ar "a La” Twigg, total vanguardista! Impulsiva, conversadeira, doce e quente como as águas de termas medicinais. Tenta impressionar todo mundo com suas histórias típicas dos filmes do Woody Allen.
BELTRANA: Fulana “a extrovertida”! Tinha um dom: transformar papel, tinta, tesoura, lápis de cor. Até placas encontradas na rua ela dava um jeito de transformar... ou destruir.
FULANA: A vida é um portfólio de possibilidades, isso me assusta. Não posso perder tempo.
FULANO: Ciclana traz o mar dentro do peito: manso, denso e profundo.
CICLANA: Exagerado! Não precisava do profundo!
FULANO: Das profundezas e raízes somatizadas ela sempre tenta reciclar alguma coisa.
CICLANA: Resgatar.
FULANO: Como ela mesma diz ”abstrai”.
CICLANA: Bom, o Fulano sempre foi assim “sensível”, platônico e racionalizador ao mesmo tempo. Sabe o tipinho que gosta de teorizar a própria sensibilidade? Ele também se perde em labirintos, mas costuma sempre levar papel e caneta para anotar as hipóteses.
FULANO: Depois de tantas entradas, precisava encontrar uma saída.
BELTRANA: Despir, despedir.
FULANA: Tantas reticências.
CICLANO: Entre tantas entradas e tantas outras tantas, até quando reticências?...Até?

GALEGUINHO


P/ quem gosta de sofá, poltrona e cobertor nas tardes ociosas e frias de Curitiba, vai a dica de um  doce bem gostosinho:
GALEGUINHO (espécie de brigadeiro de aveia - receita da vó Maria Rosa e batizado com esse nome por mim e minha querida amiga Ale Alé)
Bom Proveito!


1 lata/caixinha de leite condensado
a mesma medida da lata/caixinha de aveia em flocos finos
"2 dedinhos" de leite
1 colher de manteigaa
Mexer até dar o ponto de brigadeiro de colher. Acrescentar 1 lata/caixinha de creme de leite e misturar mais um pouco. Pegue colheres, ponha um bom filme e acredita!

E assim nasce "A GOSTO DO TEMPO"


Agosto, frio, vontades e nada de desgosto, pelo contrário: GOSTO - A GOSTO! 
Amadrinhado por Sabine Villatore e com gosto de variedades textuais, receitais, teatrais, etc e tais... nasce A GOSTO DO TEMPO!
Bem vindos todos! Compartilhar é a alma do negócio!

NÃO O SUFICIENTE



           Ás vezes ele acordava pensando o que seria do seu dia, da sua semana, do seu mês, do seu ano... Então respirava profundamente e contemplava a manhã pela janela, escovava os dentes e decidia se o café seria muito saudável, leve ou reforçado com direito a algum tipo de doce.
            Naquele dia especialmente, sentia uma vontade de mandar embora algumas coisas que não existiam mais, ou que pelo menos pareciam não existir, mas, insistiam em fazer uma visitinha grega... Leu algumas palavras aleatórias de um dos muitos livros que tem e saiu: foi correr. E correu, transpirou muito, mas não o suficiente para lavar e transbordar o coração, a alma – Vale à pena lembrar que sentiu apertos na garganta enquanto observava os alongamentos em uma sala fria, sentiu vontade de entender os outros, os limites dos outros, talvez para poder entender os seus.
            Tomou banho e saiu, ia ser avaliado naquela tarde, mas somos avaliados todas as manhãs, tardes e noites, que diferença teria ou faria? Sentiu-se leigo e desprovido de um conhecimento que talvez pudesse ter desenvolvido e ou absorvido com mais esmero; caminhou pensando sobre isso e constatou que o conhecimento que tinha vinha da arte de observar e absorver vida, mundo...
            No dia anterior tinha tido problemas com um cartão de banco, “corriqueirices” do dia-a-dia que atrapalham o fluxo ou nos levam de volta a alguns lugares – como, por exemplo: as antigas moradas, os antigos porteiros, as antigas ruas... Antigas na visão dele, claro, pois elas fizeram parte de um cotidiano até redundante, eu diria, mas tinham um sabor de novidade nostálgica naquela tarde. Ah, o cartão? Ele terá que ir ao banco noutro dia; as correspondências foram devolvidas, afinal ele não mora mais em nenhum daqueles lugares.
            Acreditava, porém nas coincidências, nas coisas mágicas, inclusive no simples abrir de um portão para alguém que não conhecia, mas sabia da existência, sabe como?
            Porém o nó continuava apertando, fazia calor, transpirava, mas não o suficiente para lavar e transbordar o coração, a alma – Lavou o rosto e as mãos, entrou numa livraria e tentou encontrar um livro que dissesse alguma novidade aleatória... Acabou na seção de astrologia (o que não era grande novidade) e a previsão dizia:
-“Pessoas nascidas nesse dia são práticas na vida, enfrentam problemas com naturalidade, mas, tem dificuldade em se relacionar".
            Fechou o livro e resolveu ir embora. Comprou chá gelado e foi ao cinema, encontrou rostos conhecidos, interagiu, até com os estranhos – como era de costume. Que raio de dificuldade é essa afinal? Indagava a si mesmo. Não quis pensar, preferiu esperar, não atropelar.
            O filme era delicado, esperançoso, um pouco piegas talvez. Mas ele acreditava em pieguices e gostava delas na maioria das vezes, ele era um apaixonado. Emocionou-se, mas não chorou, apenas lacrimejou, mas não o suficiente para lavar e transbordar o coração e a alma.
            Dirigiu pela cidade e resolveu voltar para casa, à água caiu no corpo, estava feliz, introspectivo, e calado. Deitou e pensou nas possibilidades com otimismo. Adormeceu.