terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

CONTOS DO VENTO SUL - 5a parte



V
RETOMADA

         Depois de tantas ilusões, Aira sentia que estava encontrando seu eixo.  Há muito tempo buscava o que não sabia em muitos lugares, mas sua entrega a magia natural naquele período lunar de perdas de esperança foram primordiais. Olhou de dentro pra fora e de fora pra dentro tudo que acontecia, soube que não seria mais envenenada pela culpa pois o amor que sentia pela vida era mais valioso que qualquer mediocridade que a fizesse duvidar.
         Mostrava a todos que viver com clareza era muito melhor, mesmo sabendo de seus erros, mas como dizia Veridiana:
         -Que nunca errou, minha querida?
         Encontrou Anália e Anabel e lhes disse que havia duvidado de tudo.
         -Duvidou? Atravessou esse Reino todo em prol de um ideal, venceu a culpa, despertou o amor, chegou até Cristalle e duvidou? Indagou Anabel.
         Anália amorosamente argumentou:
         -Você voltará a Crstalle e ele estará a sua espera, não duvide das palavras de uma cigana, muito menos das palavras da Senhora do tempo, não foi ela que a visitou?
         Aira recebeu das ciganas uma caixinha com um pó prateado que se jogado no ar poderia quebrar qualquer gelo que existisse, mas só na hora certa. Sabia que quando tudo estivesse correndo no seu fluxo ela viajaria e até o fim do ano Lunar tudo se concretizaria.
         Seguiu animada e bem menos ansiosa que no início da jornada, pois aprendera nunca mais duvidar do que estava traçado e dependia somente dela concretizá-lo. Estava em suas mãos: adiantar ou atrasar.
         A busca continua, peregrinos iam na direção Norte, mas seu coração ia leva-la novamente rumo ao Sul...
         

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

CONTOS DO VENTO SUL 4a parte


IV
O RESGATE

         Resgatada pelos corújios guardiões da sabedoria, Aira se lembrou após usar o chá de opio- teve visões importantes como a chuva de arroz e os fatos simbólicos que já havia passado. Lembrou que Azúlia, a borboleta amorosa, havia lhe mostrado o caminho para sair do bosque do esquecimento.
         Contou aos corújios suas angústias e percalços na jornada e antes de partir, no meio da chuva que caia intensamente, Gosto voltou. Há muito que não via o pássaro, por isso soube que era o momento de partir, pois a viajem continuaria.
         Ansiada pelo encontro com Esthela a Senhora do Portal Estelar, sabia que com ela encontraria novas diretrizes, completaria parte do seu ciclo, seria batizada em uma chuva de estrelas cadentes e como já dito possivelmente poderia encontrar Enzo próximo ao portal.
        
         Nesse momento o vento do Sul soprava forte, Zurieu indicava através dele a direção às vezes parecia tentar enganá-la, mas suas palavras pesavam como chumbo para Aira:
         - Tudo tem uma razão não importa a qual.
         Pensativa, seguiu rumo ao Portal Estelar pensando no sonho que tivera anteriormente : sonhara que seu encontro com Esthela não foi como havia projetado, a guardiã a colocava em provas de fogo, tais como,  andar no fio da crina de um unicórnio limitando o bem e o mal; perambular no labirinto das árvores falantes que mudavam de direção;  ficar presa no Bosque do esquecimento até encontrar o portal; Depois das difíceis provas se encontrava com Ênfio o falso Elfo do amor, um jovem sedutor, caprichoso que não se importava com os sentimentos dos seres do Reino que o circulavam e sim com sua coleção de conquistas;
         Temia que o pássaro não fosse gosto e que o príncipe de Cristalle não fosse Enzo, era preciso atravessar o portal para se entregar e amadurecer.
         -Tem que estar presente e se fazer presente! Amor requer manutenção essa é uma grande lição do coração. As certezas devem ser certas, os olhos enxergam, mas o coração é a porta, a bússola que indicará o caminho. Entregue-se.
         Foram as palavras de Solano, o Senhor do Sol. 

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

CONTOS DO VENTO SUL - 3a parte


III
A BUSCA CONTINUA

         Liene preparava a poção de envenenamento para o coração da princesa, a feiticeira já havia invocado as Druskas, insetos voadores para picarem Aira, este inseto era propício a esse tipo de feitiço eles sempre morriam depois de envenenar os seres do Reino.
         Ansiosa e sem reparar nos fatos que lhe ocorriam naquele momento Aira juntou as moedas que lhe restavam para poder continuar a viagem. Deixou Thiara sob os cuidados de Veridiana que lhe assegurou:
-          Na vida existem coisas que precisamos realizar sozinhos e esta viagem será uma delas.
         E lá partiu a heroína. Vários pássaros a circulavam poderia um deles ser Gosto? Afinal o pássaro negro não tinha mais dado sinal desde que havia entrado no Reino de Lagúnio.
         Independente das antecipações ou atrasos ela precisava cumprir sua jornada rumo a Cristalle pois no decorrer da aventura percebera que abrir seu coração para o amor era abrí-lo para a vida onde descobriu amigos, amdurecera sua fé e seus ideais, estava aberta para encontrar o amor mas o ciclo continuaria, a roda da vida giraria como havia dito Selene a Senhora da Lua.
         Se Enzo e Aira se encontrariam no Portal Estelar ainda não era claro, pois a Festa Bachiana de Cristalle estava próxima e muitos príncipes, princesas, feiticeiras, magos, viajantes, ciganos e artistas se encontrariam lá. Se realmente as ciganas fossem primas do verdadeiro amor ele teria nascido em Cristalle, perdido os pais e não sabia que era um príncipe farto de qualidades, a história contada por Anália era forte demais para ser ignorada. Mas de anda adiantava pensar e questionar, era preciso caminhar.
         Uma grave som de zumbidos chamou a atenção de Aira, ela percebeu que era uma nuvem de insetos que voava em sua direção. Atônita ela correu, mas foi inútil, uma Druska conseguiu atingi-la na palma da mão esquerda fazendo que ela desfalecesse de dor.
         Ao acordar, Aira não sabia qual rumo tomar, foi então que chegou até um lugar sombrio, escuro – O BOSQUE DO ESQUECIMENTO-