segunda-feira, 21 de maio de 2012

Essa tal de saudade




FELIPE: Depois de tudo aquilo, hoje venho falar de saudade. Coisa mais clichê essa coisa de sentir saudade de alguma coisa! É que acordei meio nostálgico, não sei se foi o céu azul e o vento gelado,  os sonhos que tive nos últimos dias, ou ainda,  a sensação de ter esquecido alguns hábitos que me faziam bem. Talvez eu deva reencontrar comigo, deva ir pra algum lugar que eu nunca tenha ido, ou simplesmente eu deva me conectar, RECONECTAR, com situações que não possa mais reviver... me deu saudades de quando eu ligava para a minha avó simplesmente para confidenciar alguma coisa ou pedir a receita de algum bolo ou de um assado que uma tia havia lhe passado. Saudades de papos nos sofás coloridos da casa de uma amiga em momentos perdidos em Perdizes. Saudades da janela de uma rua paralela a Paulista, onde um gato ficava horas olhando um céu de neblina poluída. Tentei acender velas e incensos,mas não eram as mesmas do apartamento térreo com roseiras na janela. Hoje quando acordei e olhei meus pés com algumas veias a mais refleti sobre o processo da caminhada e de como o tempo passa. Embora algumas coisas fiquem, nunca serão como antes.  "DEPOIS DE TUDO AQUILO" eu me pergunto se tudo isso faz sentido.
O telefone toca.
Maio de 2012

sábado, 5 de maio de 2012

QUESTÕES ALÉM DO AQUÉM



            Tinha desistido, ou pelo menos pensado em desistir... Embora a desistência não se enquadrasse ao se perfil, a dor dilacerante tomava conta de tudo, dos músculos, da cabeça, dos ossos, do corpo, do coração e da alma. Eram incertezas e perguntas sem fim e no meio de tudo isso não havia possibilidade de começo ou talvez uma falta de visão para tentar recomeçar.
            A câimbra já o visitara muitas vezes, mas nunca tinha sido tão cruel e insuportável. Era insustentável carregar a armadura que além de pesada estava enferrujada e cheia de pedaços que não deveriam mais compor o uniforme de batalha.
            Aiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii, Ahhhhhhhhhhhhh, hããããããããã? Suspirou e lamentou muitas vezes. Quem nunca suspirou na vida, seja pelo motivo que for que suspire agora ou lhe dê um suspiro doce para tentar reencontrar a doçura da vida.
            Algumas coisas são peculiares e tem de ser individualmente vivenciadas pelo ser. Outras coisas não são peculiares e nem pertencentes ao indivíduo, mas tem que ser vivenciadas.
            Além ou aquém? Aquém do além: assim se sentia. Em noite de dor dilacerante um nervo faleceu, o que é um nervo diante de um ser? Matéria não compõe alma, mas alma é essência do ser e essa tem de ser alva, salva!
            Num mar intenso e imenso ondas vêm e vão e coisas vão e vem. Perguntas sem respostas e respostas sem certeza, o que esperar da vida? O que se constrói pra ela.

Humberto Gomes
Curitiba, 5 de maio de 2012.