quarta-feira, 18 de setembro de 2013

O Tamanho de Saturno


 ...Pois é... algumas coisas pesam e não pesam pelos outros, não. Pesam pelo tamanho e proporção que damos a elas.
Compartilho uma das minhas cenas favoritas que também  faz parte de uma das minhas peças favoritas ;)

BELTRANA: Achei que o tempo mudaria os seus pensamentos.
FULANO: Ninguém precisa fazer o que o outro quer que ele faça ok?
FULANA: Pra mim tá tudo sempre ok!
BELTRANA: Sempre pra você! Sempre você, você...
FULANA: Não enche! Você sempre me encheu o saco e eu nunca falei nada, mas agora preciso falar: Sempre te achei insegura, chata, inquisidora e uma falsa meiga! Não tenho culpa que o Cicla preferia a mim e não você. Que saco, você ficar remoendo essa história toda até hoje! Quer saber: vai se foder! Foder é o que você precisa! (a Ciclano) Por que você não fode com ela? Ela sempre quis foder com você, sabia? (a Beltrana) Fode, mas fode muito! Fode pra caralho e liga depois pra me contar! Juro que te ouço como nunca ouvi desde que nos conhecemos, sua chata da porra!
BELTRANA: Está mais feliz, agora? Sua felicidade sempre foi querer aparecer por cima dos outros, ter mais razão que os outros, ficar amiga dos amigos dos outros, descobrir os segredos dos outros e usá-los de maneira vulgar nos momentos mais constrangedores.  Você é uma vaca! Sem a menor dúvida é a única pessoa que eu não queria reencontrar. Você não é nada pra muita gente, mas pra mim você é quase do tamanho de Saturno! O que você me causou como pessoa é difícil de esquecer, de lidar! Eu projeto você em muita gente por aí e isso me dificulta pra cacete a convivência! Tomara que um dia alguém te faça se sentir assim! (pausa) E me traz uma tequila!
CICLANA: Gente, vocês tão falando sério?
Silêncio
CICLANA: Não é possível vocês terem guardado esse ranço por tanto tempo. Não é possível que nada possa compensar sei lá o que é que tenha acontecido. Tô falando merda?
Silêncio.
CICLANA: Melhor eu calar a boca
Trilha sugerida após a leitura:

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

DIÁRIO SETEMBRAL


08.09.13

E assim havia seguido o rumo sem saber direito para quê e por que...

Depois de todos os fatos e “desfatos” não tinha tido tempo de olhar para si e buscar em si para renascer em si! A última nota precisava ser tocada e assim desvendar a partitura que havia escrito nos últimos tempos.

Medo! Era a palavra antecedente, mas assim como uma novela épica tudo começava a desenrolar: situações, pessoas... tudo estava assim “tão diferente”.

Começou a perceber que dentro do planejamento o trajeto seria alterado e celestinamente encontraria pedaços perdidos de longa data. Diante do cansaço havia descansado e se sentia limpo e diferente de tudo que tinha ficado para trás em apenas 24 horas!

E a jornada continuaria...

“O regresso era necessário para recolher e reconhecer”

Coração aberto e o resto vêm.

 

09.09.13

“A vida é cheia de esquisitices, mesmo”.

Diante de tantas possibilidades, alguma teria que ser descartada... assim o fluxo celestino continuava. Encontrar com um desdobramento de si mesmo que afasta as pessoas e faz enxergar o que não existe mais é extremamente necessário “a obrigação de um não é a obrigação do outro”

É sempre importante perguntar o que você quer para você e assim ter a certeza da resposta, mesmo que essa certeza não te absolva da culpa – ah... Isso é tão relativo.

 

FRAGMENTOS DE UM SONHO:

Sonhei que minha mãe dirigia enlouquecida e eu estava no banco de trás pedindo que tivesse calma.

Logo depois eu estava em um show. Deixava uma amiga esperando e me enfiava nos bastidores, era bem divertido, mas precisava voltar, mesmo não querendo... me enxergava de longe, do outro lado como se tivesse voltado e pensei “quero ficar aqui!”

Às vezes quando optamos pelo não ao outro estamos nos beneficiando com o nosso “sim”.

Parece que eu entrei em um lugar onde esqueci todos os meus problemas e estou revivendo coisas, redescobrindo. Tô bem tranquilo em saber que posso direcionar cada situação, sim, na medida do possível esse respiro é um mote para reflexão, uma pausa para start de novas possibilidades.

 

10.09.13

UM DESABAFO ACUSTICO

Tive um amigo que sempre quis trabalhar com moda, fazer moda – a beleza era importante para ele, mas mesmo assim não se achava bonito: ruivo, sardento, gordinho e orelhudo. Era considerado “exótico”... Isolava-se do mundo e não acreditava, não se acreditava. Agora eu faço uma pergunta para vocês:

- Alguém aqui acha que uma pessoa com essas características pode ser “top model”

Eu acredito que todo mundo pode ser tudo e qualquer pessoa pode ser e se tornar tudo o que quiser ser. Dá pra ser modelo de vida, modelo de pessoa, de atitude, de personalidade...

A passarela é a vida, a própria vida e é nela que devemos desfilar de cabeça em pé pelas nossas atitudes e posturas, onde devemos quebrar padrões, perdoar, valorizar o outro e SIM, nos orgulhar disso... Segue o fluxo, sempre segue... Segue a vida e assim todos seguem seus caminhos: livres e desimpedidos.

PASSARELA, POR FAVOR!

“A cena é isolada, cada coisa uma coisa e assim nos aproximamos epicamente de um didatismo contemporâneo”.

 

Um filme passou na minha cabeça hoje. Nossa! Tanta coisa aconteceu e se passou, mas as ruas continuavam ali: habitadas por novos sonhos, novas construções, novas conquistas e assim é o ciclo!

A vida é cheia de caminhos e por mais obstáculos que tenham os meus posso afirmar: Não, não tenho problemas diante de uma humanidade tão generalizada e oprimida. Tenho expectativas e ideias de vida!

Olhar para mim e para alguém que esteve perdido e amedrontado no passado me faz ter alegria e vontade de seguir adiante e agora estou diante do meu “eu menino”, diante de um altar de desejos para perdoar meus erros e arcar com as escolhas.

Sim, sigo e sempre seguirei. SEMPRE! Em frente e se assim eu quiser: sempre em paz!

terça-feira, 20 de agosto de 2013

AGOSTO TAMBÉM PASSARÁ

            E que venha agosto, com gosto e, por favor, sem desgosto...


            Depois do sete vem o oito: a direção e o infinito... Para ir além é necessário saber qual rumo tomar e o caminho muitas vezes transformar. Atalhos aparecem e parecem ser fáceis, mas a estratégia e a maturidade que a retirada do obstáculo traz é que faz a na diferença no desbravar dos caminhos.

            Ah, agosto, com gosto de doçura chegue e me faça sentir o gosto morno e capuccinado que outrora me aqueceu! Não precisa ter pressa, muito menos me mimar, apenas colabore com as transformações ocorridas e com as prestes a chegar...

quarta-feira, 10 de julho de 2013

O MAGO E O CAÇADOR

Segue um conto muito especial e significativo escrito por uma pessoa também especial e significativa, Ricardo Barbosa.
Sugiro que durante ou após a leitura ouçam essa música:

BOA LEITURA!

O mago e o caçador


Andava pela floresta um bravo caçador. Ele havia saido para caçar e já estava longe de casa há muito tempo. Ele não voltaria para casa, até que encontrasse a caça perfeita, e por isso demorava e caminhava horas e horas, por muias léguas. O tempo havia passado as horas haviam passado e ele havia se esquecido completamente de tudo e também de voltar para casa. Como já era tarde, resolveu passar a noite na floresta, para continuar a caçar logo pela manhã. Montou acampamento e logo caiu no sono.
No outro dia, acordou com grande coragem e disposição. Logo cedo, abateu um pequeno animal, preparou sua carne, e comeu. Mas aquela ainda não era a caça esperada e procurada. Banhou-se no rio, e,revigorado, saiu em busca de sua caça, numa região da floresta por onde nunca havia estado antes. Estava muito longe de casa, há muitos dias. Mas não voltaria sem antes conseguir. Tudo era novo e diferente. Árvores altas, com os troncos cobertos por uma estranha gramínea, pássaros grandes voavam e pousavam em suas copas.
Ao andar pela floresta, atento aos rastros de um animal, sentiu que estava próximo. Pelas pegadas, era um animal grande, que havia passado há pouco tempo. Os galhos quebrados, as folhas caidas, as pegadas na terra. Tudo indicava que era chegado o grande momento. De fato, avistou um lindo alce, com a mais majestosa galhada já vista: 12 pontas, bem formadas e fortes, um animal estupendo. Tomou posição de disparo. Mirou sua arma naquela presa. Atirou , mas não acertou. O animal se assustou e correu e o caçador, correu para tentar um novo tiro. Tropeçou e caiu de um alto barranco, rolando morro abaixo. Bateu-se contra pedras, foi jogado contra as árvores. Viu-se caido no chão. Ferido, machucado. Sentia dores nas pernas, nos braços, em todo o corpo. Sentiu sangue escorrer em seu corpo. Tentou se levantar mas não conseguia. Ficou caido. Caido por mais e mais tempo. Não conseguia se levantar, não cosneguia se defender. Até que adormeceu. O sono o dominou, ficou sujeito ao frio, a fina garoa, aos perigos de mais uma noite na floresta. Nem mesmo sabia onde estava, nem mesmo saberia voltar pra casa. Como voltar por que voltar? Sem a caça que foi buscar, sem levar o que tanto esperavam. Melhor mesmo seria não voltar. Adormeceu.
Adormeceu com a coragem de quem não tem medo de adormecer, de estar jogado à própria sorte.  De alguma forma, tinha a certeza, de que nada de mal aconteceria. De que nenhum animal perigoso o encontraria. Que nenhum ladrão apareceria. Não teve medo do frio, não teve medo da noite. Adormeceu.
No outro dia, acordou. Ainda no mesmo lugar, de onde não conseguia sair. Olhava para o alto, apenas via árvores, ouvia o canto dos pássaros.  Pássaros cantavam e voavam. Faziam uma dança aérea, como se fizessem o tempo passar. O caçador concentrava-se nos pássaros. Olhava seu movimento e tentava cantar junto a eles, mas a dor não permitia. O simples movimento do ar causava-lhe dor. Tentou arrastar-se para uma árvore, mas continuou jogado no caminho. Sentia suas pernas quebradas.
Adormeceu novamente, como forma de não sentir mais dor. Obervava os pássaros, como forma de não perceber o tempo passar. Até que ouviu sons que não eram pássaros.
Aproximara-se um homem. O homem era um mago, que andava na floresta colhendo ervas para suas poções. Junto a ele vinham dois outros, mais jovens, seus aprendizes. Os três viram o caçador e o socorreram. Deram-lhe água, limparam-lhe as feridas. Colocaram-no em sua carroça e o levaram para a casa do mago, que ficava próxima.
Lá, ele foi colocado na cama. Foi limpo, alimentado. Suas feridas foram cuidadas. Sua perna quebrada foi imobilizada. O mago servia a ele chás e poções para sua melhora e sua recuperação. Neste dia, pensou novamente ter nascido. Sentiu novamente o conforto de uma cama macia, de um quarto quente, de uma boa comida e teve a sensação de ser cuidado e de ser importante. Sentiu um novo sentido na vida. Não se importava mais com caça não capturada.  Pensava em voltar pra casa, mas não podia. Sua perna ainda quebrada não lhe permitia movimentar-se. E também não se lembrava o caminho de casa.
O mago permitia que ele ficasse e insistia que ficasse todo o tempo que precisasse. Para tornar seus dias melhores, o mago promovia saraus em sua casa. Fazia demonstrações de sua magia, ensinava-o os segredos da mágica e da cura. Todas as noites, um grupo de magos, aprendizes, cavaleiros, jogadores e músicos reuniam-se junto a ele, para alegrá-lo e fazer dele um homem mais feliz.
O mago o envolvia cada vez mais, com sua magia e com sua energia. E cada vez, mais, a vida naquela casa o envolvia e ele se sentia pertencer a esse novo mundo. Porém sua posição sempre sentado, sem conseguir se movimentar, tornavam-no um homem que se sentia dependente. Sentia sua perna melhorar a cada dia. Sentia suas forças voltarem a cada momento.
As noites que passava com o mago eram cada vez mais agradáveis. Sentia grandes emoções, alegrava-se quando o mago chegava, mostrava sua magia e o encantava com sua bondade e com seu magnestimo, que atraia as pessoas para perto de si mesmo. Sua casa, sempre alegre e cheia de amigos energizava e atraia a todos que por lá passavam. Todos que lá chegavam, se sentiam bem e queriam ficar.
O caçador, que ficava lá todo o tempo, era cada vez mais e mais tomado por essa boa energia, era cada vez mais e mais envolvido numa aura de amizade e sentimentos que existiam naquela casa.
Sentia que sua perna estava melhor. Não havia mais nenhuma marca, nenhuma cicatriz. Numa manhã, passava a mão em sua perna e sentia que seus músculos estavam bem. Que seus ossos estavam bem. Todas as cicatrizes estavam fechadas. Tudo estava curado. Nesse dia se levantou. Andou lentamente pelo quarto. Chegou à porta, caminhou pelo jardim. Á medida que caminhava, sentia-se cansado e voltava para casa. Fez isso repetidos dias. Todas as manhãs. E sempre sentia que após certo tempo de caminhada, o cansaço o dominava e ele voltava novamente para dentro da casa.
Intrigado, não se conformava. Por que não conseguia sair do jardim e se afastar? Sentia seu forte corpo reestabelecido, suas pernas estavam bem. Mas a cada dia um suas forças chegavam ao limite quando se fastava da casa. Não se afastava para ir embora, mas apenas para caminhar e ver a floresta. Mas não sabia mais se queria ir embora, ou se queria ficar. Apenas percebia que de alguma forma, um limite energético estava formado. A cada dia conseguia ir um pouco mais longe, mas nunca se afastava completamente da casa.
Uma noite, perguntou ao mago: - Por que não consigo me afastar da casa?
- É o que você quer? Perguntou o mago
- Quero apenas caminhar, ver onde vou. Quero ir, apenas.
- Para onde? O mago perguntou
- Apenas quero ir, insistiu.
- Vai voltar para casa? Vai tentar achar o caminho? Indagou o mago.
- Não sei. Apenas preciso ir. Sinto que tenho que caminhar. Tenho que caçar novamente.
O mago ficou em silêncio foi dormir. E o cavaleiro também adormeceu.
No outro dia, o mesmo limite. Apenas um passo a mais. E nesta noite, outro diálogo com o amigo mago:
- Sinto-me como magnetizado por esse lugar. Quanto mais me afasto, mais me canso. Sinto que meu limite chega e não vou mais. Mas a cada tentativa, ando um pouco mais. É como se o limite se expandisse com a minha vontade de ir. Mas caio, fraco. E tenho que voltar. E voltando, fico novamente forte. Quanto mais perto desta casa e de você, melhor me sinto. Mas ao mesmo tempo, sinto que tenho que ir.
- Por que tem que ir? Caçar o alce? Não lhe basta a comida e a glória que tens em minha casa?
- Por que tenho. Sei que tenho. Não sei onde estou. Não pertenço a este lugar. Falava sem certeza.
Pertece a onde quiser. Vai saber onde está, quando quiser estar. Não tem medo do frio e da solidão da floresta? Dos animais perigogos? Dos ladrões? Perguntava calmamente o mago.
- Não quero mais ficar. Obrigado por tudo o que fez, e tem feito. Obrigado por salvar minha vida, mas tenho que ir. Nem mesmo sei se conseguirei voltar, mas tenho que tentar. Se não tentar, nunca saberei. Este lugar me atraiu com sua magia, me magnetizou e me chama a ficar. Ouço esse chamado, mas também ouço meu alce na floresta. Tenho que buscá-lo. Tenho que encontrá-lo.
- Mas nem sabes mais se ele está vivo. Se ele existe. Se vai encontrar o mesmo alce que viu. E se você se ferir nessa busca? Perguntou o mago em sua aura de tranquilidade.
- Mas nunca saberei ficando aqui.
- E precisa saber? Quando você veio para cá, sua energia re harmonoizou a energia dessa casa. Por causa de sua chegada, novas pessoas chegaram, para que toda a energia do lugar se completasse. Por sua causa novas pessoas vieram e outras se foram. Essas novas pessoas trouxeram sua energia e todas essas energias se harmonizaram com a minha. E minha magia aumentou. O poder que o curou veio desse equilíbrio energético, que você mesmo fez acontecer. E agora, você faz parte de um ciclo que se formou. E que só existe por que você esta aqui, enquanto você está aqui. A cada passo que você dá, esse poder faz você voltar. Ao mesmo tempo em que o alce atrai você para ele. O ponto em que você sente o limite de suas forças é o ponto de exato equilíbrio, entre a energia que te leva e a energia que te traz de volta. Só você define onde é esse limite.
Caso você vá, vai faltar um ponto energético. Minha magia diminuirá, muitos deixarão de vir, e outros podem vir. Eu sou o centro de todo o poder que todas as pessoas concentram. Eu sou a conexão entre todos. E eu quero que fique. Para que juntos, sejamos mais fortes. Ficando aqui, nada nunca lhe faltará. Terá a certeza de uma cama quente, de um amor incondicional, de amigos leais. Boa música, boa comida, bom vinho. Saúde, paz, ouro e felicidade. Enquanto você estiver aqui, minha magia proverá tudo o que você precisar.
O caçador compreendia e se maravilhava com tudo. Tudo fazia sentido. Pensar numa vida tranquila para sempre. Sem medos, sem tristezas, sem angustias, sem dores. Nas noite seguintes, o caçador tocava harpa junto com os convidados, bebia vinho, comia e jogava. Mas ouvia ao longe o alce que corria e pastava em algum lugar da floresta.
Pediu ao mago: deixe-me ir. O mago respondeu: deixe-se ir. Mas não vá. Fique, eu te peço. Precisamos de você. Lhe dou os segredos da magia, lhe dou os segredos do universo. E os segredos do amor. Mas fique.
Deixe-me ir, eu lhe peço. É você que me prende. Enquanto pensa que devo ficar, sua magia se fortalece, e me impede de transpor o limite. A floresta me espera. Eu espero a floresta. Eu preciso dela, assim como preciso de sua casa. Eu preciso ir, assim, como preciso vir. Eu preciso da sua segurança, mas preciso me arriscar a caçar. Sou um caçador. É só o que sei fazer. É para caçar que sai de casa. Não existo sem a floresta, não existo sem buscar o alce.  Nem sei mais se tenho casa, se tem alguém que me espera. Mas eu preciso ir. Somente indo, saberei se quero voltar. Ou que não quero. A certeza de ficar, faz de mim alguém menor. Eu aumento a força da comunidade, mas minha força é minada e exaurida.
O mago entristeceu-se: eu te dei minha magia, te dei meu tempo, te dei meu universo. Salvei tua vida. Todos pedem que você fique. Todos precisam que você fique. E apenas pensa que precisar ir. Tudo o que precisa terás aqui, não vês? Não lhe é o bastante? Não te deixo ir. Teras que ficar, terá que gostar de ficar. Aprenderá a amar meu mundo e tudo que nele existe.
O caçador passou mais uma noite na casa do mago. Como sempre descansou,e o sono foi reconfortante.
No outro dia, ao tentar caminhar, chegou ao ponto do seu limite. A cada passo, sentia seu corpo mais pesado, sentia que o chão o puxava pra trás, sentia menos ar para respirar. Continuou a caminhar. Insistindo nisso, e seguiu. Avistou o ponto em que na última vez perdeu as forças, estava quase lá. E a cada passo, sentia seu corpo pesar mais, e uma força ainda maior o atrair de volta para a casa. Ouvia em seus pensamentos: volte. Fique. Mas corajosamente, deu mais um passo e chegou até o limite em que tinha conseguido chegar na manhã de ontem. Sentia-se totalmente sem forças.  Caiu no chão. Pensava na bondade do mago, pensava no tratamento que teve, em sua recuperação, desde que havia chegado ali. Pensava em todas as pessoas, que ficavam mais tristes a cada passo que ele dava. Pensava na boa comida, na boa música. Continuou no chão  e descansou. Sentiu o cheiro da comida e teve vontade de voltar para comer. Mas permaneceu sentado. Neste ponto, sentia o cheiro da floresta, ouvia os pássaros cantando, via-os dançando no ar. Ouvia os sons dos animais, percebia seu movimento. Ouvia a água correr no riacho. Perguntava-se se o alce estava por ali.
Reuniu suas forças, mas sentia-se fraco. Naquele lugar, ele era forte e fraco, sentia-se alegre e triste, sentia corajoso e cheio de medo, sentia-se sábio e louco. E finalmente deu mais um passo em direção à floresta.
E sentiu-se forte novamente. Muito forte e certo a seguir em frente. Avistou o alce. Olhou para trás e viu o mago na porta da casa. Acenou para o mago e sorriu. O mago acenou e sorriu.

Seguiu em frente.

quinta-feira, 4 de julho de 2013

VÃO OS ANÉIS E TAMBÉM OS BRINCOS..



O primeiro fora roubado, assim como muitas coisas já haviam sido, assim como muitos eventos primeiros que também não existiam mais.
A história de cada um deles era muito peculiar: a aliança de bodas de prata de seu avô encaixara perfeitamente em seu dedo após a morte dele, a aliança celta fora cobiçada na vitrina em época ritualística de sua vida, o do dedão comprara de um camelô qualquer (e ele jurou ser Maia quando vendeu) e os outros dois ganhara de uma amiga em tempos diferentes, com significados diferentes – o Grego indicador e a aliança em Cruz.
Já os brincos não eram símbolo da adolescência, pelo contrário, fizera quatro furos significativos de uma jovial liberdade adulta.
Com o tempo esses materiais tornaram-se indicadores de situações e emoções, pretejavam, avermelhavam, azulavam... Às vezes por nada, outras por tudo – independente de manter qualquer espinha ereta ou o coração tranquilo, pois a mente, ahhh... Essa jamais lhe dera sossego.
Esses objetos eram tão parte dele que pareciam tatuados, colados ou brotados de sua pele, sim, como os eczemas emocionais que acompanhavam as variações de humor.
Existe uma hora que as coisas vão, mesmo ficando eternamente impregnadas, como os sinais, os furos, as feridas. Desapegar não é simples, mas a questão é ir e elas vão ou pelo menos mudam.
Bem, os anéis estavam velhos, pretos, usados e não aguentavam mais fazer parte de algo, significar algo. Foram depositados em um altar junto com suas dúvidas, medos e milhares de pensamentos que insistiam em persegui-lo.
Agora não sabia se iria limpar lustrar, voltar a usar ou... Abandonar de vez.
 04/07/2013


terça-feira, 14 de maio de 2013

O MENINO QUE TUDO VÊ


            Oi pessoal! Hoje quero compartilhar um texto escrito em 2011 inspirado em um bate papo que tive com minha avó e que veio finalizar uma das minhas produções favoritas "Entre Tantas Coisas"
             Fiquem então com o "Beltrano" ou ainda "aquele que tudo vê"
Boa Leitura!

foto: Bruno Tetto / ator: Lucan Vieira / ETC - Wonka Bar - abril de 2011


            Pra que complicar se é tão simples descomplicar? Parece fácil, mas não é. Olha, desculpa mais eu não quero te frustrar, quanto a mim tanto faz, até por que já tanto fez. Agradeço a compreensão.
            Sou conhecido como aquele que enxerga, aquele que olha e que vê. Vou confessar um segredo: nem sempre dá pra enxergar e garantir que aquilo que se vê seja verdadeiro.
            A vida é uma rede de gente, uma rede que balança – vai e vem, vai e vem... lá e cá... Por isso, quando eu não sei o que fazer com as pessoas eu as mato. (pausa) Mato dentro de mim, mato aquele momento, mato aquele instante...
            Bom, estamos aí para aprender e reciclar, não é verdade? Ninguém é tão importante e auto-suficiente assim para se bastar sem ter o outro como referência de si mesmo, ou é? Se eu soubesse a resposta garanto que não estava aqui desabafando e tentando fazer com que me respondessem. 
            Sou uma alma que vaga. Tem vaga? Acha por exemplo que a minha postura diante dessa situação está sendo bem executada ou que eu deveria tentar me policiar por algum motivo que agradaria aos outros? Olha não me responde por que essa resposta só eu sei.
            Repetição: repetir, repetir, repetir, repetir... Lugares, pessoas, atos, de-satos, desastres, fracassos, opiniões, F R U S T R A Ç Õ E S...sei lá... Parece que eu quero libertar a minha alma de certa coisa que tende a me perseguir, e aí? Será que ainda sou aquele que tudo vê? Você consegue me enxergar? Sou eu sim. Sou o que fui e serei o que sou e isso não dá nenhum tipo de garantia!
            Eu me absolvo! M E A B S O L V O! Somente a mim e a mais ninguém, não tenho poder para isso! E se você quiser o meu perdão procura ele aí, deve estar perdido em algum lugar. “SOU METAL... RAIO RELÂMPAGO E TROVÃO!”
            Eu decidi caminhar, mas para isso eu precisei ir além do olhar, mas, ainda eu preciso agir – ponto de partida (risos) e eu achei que aqui era o ponto final! Cadê a outra condução? Sou eu vou conduzir ou...
            ... Alguém vai... vamos... Vou...
            Eu tenho um desejo: “QUE TUDO SE REALIZE” é meu plano, meu projeto é R E A L I Z A R! ... No entanto estou aqui, complacente e paciente verborragicamente chato e complexo para uns e esclarecedor para outros... Mas, eu deixo bem claro que estou inteiro aqui. Dando um pedaço de mim para cada um de vocês e agora vou nessa... Tá tudo meio pesado, mas acredito que essa armadura que me deixa imponente caia e eu me torne um fiapo...            OBRIGADO!
            Segue o fluxo!

quarta-feira, 8 de maio de 2013

A IGUALDADE E A DIFERENÇA


            

        A igualdade é irmã da diferença. Elas moram em um condomínio: as casas são iguais, mas de cores diferentes, tem o mesmo número de cômodos. Elas decidiram comprar os mesmos móveis, os mesmos utensílios... Só que cada uma delas dispôs de forma diferente seus pertences, cada uma com seu estilo, seu charme, seu gosto.
            O julgamento, um amigo de infância sempre visitava as irmãs em momentos diferentes, nunca as duas juntas, e sempre fazia comparações da disposição das casas, provocando assim a desavença e a não vontade de se relacionar entre elas.
            Há muito tempo, o tio discernimento não as visitava e um dia apareceu. Disse que ficaria 5 dias: 2 dias na casa da igualdade, 2 dias na casa da diferença, sendo que 1 dia passaria com as duas.
            As irmãs muito estranharam essa postura, mas receberam muito bem o tio que em nenhum momento fez algum tipo de comparação, apenas comia e dormia muito bem.
            No último dia pediu que igualdade chamasse diferença para tomar o café da manhã... Assim sucedeu durante todo dia: almoço na casa de uma, café da tarde na de outra... Até chegar o jantar, onde o tio discernimento disse:
            - Fiquei feliz em revê-las! A vovó honestidade ficaria muito orgulhosa de ver que vocês duas estão muito bem! E sabem o que mais me chamou a atenção?
            As meninas que não se falavam há muito tempo arregalaram os olhos e ficaram caladas. O tio então continuou:
            - Foi perceber que embora a casa de vocês tenha as mesmas coisas, são usadas de outra forma. A porcelana que igualdade usou no café da manhã, coube muito bem no jantar de diferença. Assim como o sofá de abrir que diferença usa na sala, está ótimo no quarto de hóspedes de igualdade...
             E ele continuou listando uma infinidade de coisas iguais que faziam a diferença na vida das duas e das pessoas que elas conheciam.
            Após a ida do tio as irmãs se reconciliaram e passaram a receber mais os amigos em casa, nas casas, quero dizer, pois descobriram que poderiam oferecer carinho igual de forma diferente sem julgamento do que seria certo ou errado, melhor ou pior e sim honesto.

sexta-feira, 15 de março de 2013

CONTOS DO VENTO SUL - 7a parte



VII
AS SETE SENHORAS

         A 1ª me ensinou a ser alegre
         A 2ª me ensinou a calcular
         A 3ª me ensinou a avaliar
         A 4ª me ensinou a ser livre
         A 5ª me ensinou a acreditar
         A 6ª me ensinou a ser feliz
         A 7ª ...
         Bem, a sétima me ensinou uma lição bem complicada:
         “amar as pessoas como elas são.”
        
Ao atravessar o portal arco-iris das sete chaves, Aira retomava seu rumo e seu equilíbrio. Complicado? Talvez. Mas, viver é assim: sempre precisamos renovar a jornada! Sempre precisamos inovar durante a jornada.

"E aqui termina a saga de contos que eu havia escrito em meus cadernos de anotações antes de escrever a Fábula. Coincidentemente nesse período comecei a re-estruturar a peça com a ajuda do elenco para entrarmos em uma nova fase, ou seja, quem quiser conferir a peça terá algumas oportunidades em 2013... No mais vou começar a postar as cenas para apreciação.
Desejo que todos os corações estejam abertos para a vida e o amor, que cada um descubra e viva sua própria fábula! "
CANTE A FÁBULA, VIVA A FÁBULA, SEJA A FÁBULA DO VENTO DO SUL!

quarta-feira, 6 de março de 2013

CONTOS DO VENTO SUL - 6a parte


VI
ONDE ESTARÁ?

         Aira havia partido, mas não sabia se era para sempre. Residia em Cristalle em um lugar que sempre quis estar e pensava no grande espaço de tempo desde a previsão de Zurieu e Veridiana. Havia passado quase dois anos Lunares e ela estava perdida e confusa com a quantidade de rostos parecidos, mas nenhum era Enzo.
         O seu Enzo, o verdadeiro, poderia estar próximo e ela ainda não tinha encontrado (sim, ela o reconheceria) pelo olhar, pelo sorriso, pelo cabelo ou será pelos olhos? Uma pinta, um sinal, a postura?
         Nada disso importava. Em primeiro lugar ,a vontade, em segundo a ação e em terceiro o amor e o processo da caminhada.
         O engraçado que mesmo depois de ter aprendido tantas coisas um mínimo do veneno de Liene insistia em permanecer nas suas veias, o que bastava para sentir culpa e medo, assim como todos os habitantes em Cristalle.
         Ela vivia sozinha em uma cabana próxima de um bosque, que lembrava muito o bosque do esquecimento. Sentia falta de Thiara, de Veridiana e de todos que convivera anteriormente. Sabia que voltaria a vê-los, mas sua missão dependia exclusivamente e unicamente dela. A quem clamar?

Senhores do Universo, espíritos da natureza, mãe suprema!
Me deem forças, sei que as tenho e agradeço por isso.
Agradeço a todos que cruzaram meu caminho e também aqueles que cruzarão.
Perdoo a mim e aos outros.
Creio no Divino em mim e nos outros
Quero espalhar bondade e fazer as coisas com amor mesmo que receba ingratidão, incompreensão ou falsidade em troca.
De mim quero sempre oferecer o melhor.
Assim seja!

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

CONTOS DO VENTO SUL - 5a parte



V
RETOMADA

         Depois de tantas ilusões, Aira sentia que estava encontrando seu eixo.  Há muito tempo buscava o que não sabia em muitos lugares, mas sua entrega a magia natural naquele período lunar de perdas de esperança foram primordiais. Olhou de dentro pra fora e de fora pra dentro tudo que acontecia, soube que não seria mais envenenada pela culpa pois o amor que sentia pela vida era mais valioso que qualquer mediocridade que a fizesse duvidar.
         Mostrava a todos que viver com clareza era muito melhor, mesmo sabendo de seus erros, mas como dizia Veridiana:
         -Que nunca errou, minha querida?
         Encontrou Anália e Anabel e lhes disse que havia duvidado de tudo.
         -Duvidou? Atravessou esse Reino todo em prol de um ideal, venceu a culpa, despertou o amor, chegou até Cristalle e duvidou? Indagou Anabel.
         Anália amorosamente argumentou:
         -Você voltará a Crstalle e ele estará a sua espera, não duvide das palavras de uma cigana, muito menos das palavras da Senhora do tempo, não foi ela que a visitou?
         Aira recebeu das ciganas uma caixinha com um pó prateado que se jogado no ar poderia quebrar qualquer gelo que existisse, mas só na hora certa. Sabia que quando tudo estivesse correndo no seu fluxo ela viajaria e até o fim do ano Lunar tudo se concretizaria.
         Seguiu animada e bem menos ansiosa que no início da jornada, pois aprendera nunca mais duvidar do que estava traçado e dependia somente dela concretizá-lo. Estava em suas mãos: adiantar ou atrasar.
         A busca continua, peregrinos iam na direção Norte, mas seu coração ia leva-la novamente rumo ao Sul...
         

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

CONTOS DO VENTO SUL 4a parte


IV
O RESGATE

         Resgatada pelos corújios guardiões da sabedoria, Aira se lembrou após usar o chá de opio- teve visões importantes como a chuva de arroz e os fatos simbólicos que já havia passado. Lembrou que Azúlia, a borboleta amorosa, havia lhe mostrado o caminho para sair do bosque do esquecimento.
         Contou aos corújios suas angústias e percalços na jornada e antes de partir, no meio da chuva que caia intensamente, Gosto voltou. Há muito que não via o pássaro, por isso soube que era o momento de partir, pois a viajem continuaria.
         Ansiada pelo encontro com Esthela a Senhora do Portal Estelar, sabia que com ela encontraria novas diretrizes, completaria parte do seu ciclo, seria batizada em uma chuva de estrelas cadentes e como já dito possivelmente poderia encontrar Enzo próximo ao portal.
        
         Nesse momento o vento do Sul soprava forte, Zurieu indicava através dele a direção às vezes parecia tentar enganá-la, mas suas palavras pesavam como chumbo para Aira:
         - Tudo tem uma razão não importa a qual.
         Pensativa, seguiu rumo ao Portal Estelar pensando no sonho que tivera anteriormente : sonhara que seu encontro com Esthela não foi como havia projetado, a guardiã a colocava em provas de fogo, tais como,  andar no fio da crina de um unicórnio limitando o bem e o mal; perambular no labirinto das árvores falantes que mudavam de direção;  ficar presa no Bosque do esquecimento até encontrar o portal; Depois das difíceis provas se encontrava com Ênfio o falso Elfo do amor, um jovem sedutor, caprichoso que não se importava com os sentimentos dos seres do Reino que o circulavam e sim com sua coleção de conquistas;
         Temia que o pássaro não fosse gosto e que o príncipe de Cristalle não fosse Enzo, era preciso atravessar o portal para se entregar e amadurecer.
         -Tem que estar presente e se fazer presente! Amor requer manutenção essa é uma grande lição do coração. As certezas devem ser certas, os olhos enxergam, mas o coração é a porta, a bússola que indicará o caminho. Entregue-se.
         Foram as palavras de Solano, o Senhor do Sol. 

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

CONTOS DO VENTO SUL - 3a parte


III
A BUSCA CONTINUA

         Liene preparava a poção de envenenamento para o coração da princesa, a feiticeira já havia invocado as Druskas, insetos voadores para picarem Aira, este inseto era propício a esse tipo de feitiço eles sempre morriam depois de envenenar os seres do Reino.
         Ansiosa e sem reparar nos fatos que lhe ocorriam naquele momento Aira juntou as moedas que lhe restavam para poder continuar a viagem. Deixou Thiara sob os cuidados de Veridiana que lhe assegurou:
-          Na vida existem coisas que precisamos realizar sozinhos e esta viagem será uma delas.
         E lá partiu a heroína. Vários pássaros a circulavam poderia um deles ser Gosto? Afinal o pássaro negro não tinha mais dado sinal desde que havia entrado no Reino de Lagúnio.
         Independente das antecipações ou atrasos ela precisava cumprir sua jornada rumo a Cristalle pois no decorrer da aventura percebera que abrir seu coração para o amor era abrí-lo para a vida onde descobriu amigos, amdurecera sua fé e seus ideais, estava aberta para encontrar o amor mas o ciclo continuaria, a roda da vida giraria como havia dito Selene a Senhora da Lua.
         Se Enzo e Aira se encontrariam no Portal Estelar ainda não era claro, pois a Festa Bachiana de Cristalle estava próxima e muitos príncipes, princesas, feiticeiras, magos, viajantes, ciganos e artistas se encontrariam lá. Se realmente as ciganas fossem primas do verdadeiro amor ele teria nascido em Cristalle, perdido os pais e não sabia que era um príncipe farto de qualidades, a história contada por Anália era forte demais para ser ignorada. Mas de anda adiantava pensar e questionar, era preciso caminhar.
         Uma grave som de zumbidos chamou a atenção de Aira, ela percebeu que era uma nuvem de insetos que voava em sua direção. Atônita ela correu, mas foi inútil, uma Druska conseguiu atingi-la na palma da mão esquerda fazendo que ela desfalecesse de dor.
         Ao acordar, Aira não sabia qual rumo tomar, foi então que chegou até um lugar sombrio, escuro – O BOSQUE DO ESQUECIMENTO-

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

CONTOS DO VENTO SUL - 2a parte


II
A JORNADA DE AIRA


            Os primeiros raios da aurora despontavam no céu, e as estrelas se recolhiam pouco a pouco, a doce princesa estava munida de coragem e pronta para partir segurando firme um grande galho dado por Veridiana, que lhe assegurou:
         -Este galho irá protege-la. Quando precisar invocar o vento erga-o para
cima e clame por Zurieu, o Senhor dos Ventos te guiará; aproximando o galho da terra encontrará segurança para seguir adiante, mantenha sempre os pés no chão! Em choque com outros galhos terá fogo para aquece-la, o mesmo fogo irá impulsioná-la para seguir em frente; colocando-o na água medite clame por Selene Sra da Lua e sua intuição ficará mais aguçada, e acima de tudo siga sempre seu coração.
Que os guardiões da chama verde –limão esclareçam sempre seu caminho filha, clame pelos guardiões da chama violeta para que te purifiquem e transmutem suas fraquezas, pois elas sempre surgem. Que a corte de Mikael  te acompanhe em sua jornada!
         Seguindo seu caminho Aira lembrava de  cada palavra proferida por Veridiana. Os dias passavam a cada instante uma novidade acontecia e mal podia imaginar a princesa o que encontraria no seu tortuoso caminho.

Tem amor e tem dor
Na fábula do vento do sul
O destino encontrará
Não há como evitar
Você vai se emocionar
São histórias de arrepiar
Por isso abram seus corações
Para a fábula do vento do sul

         O caminho brilhava e uma voz lhe dizia:
         -Algo está morrendo e uma nova pessoa está nascendo, no passado o sacrifício, o oferecimento, mas a roda da vida gira valorize a coroa interior  que carrega consigo, o equilíbrio permitirá a você nutrir a força.
Aira estava confusa, para ela ainda existiam regras; ela desconhecia a  flexibilidade das  alternativa, das exceções era preciso quebrar esses valores para poder encontrar o amor. Mas como?
         No convívio com seu povo, a princesa conheceu e aprendeu coisas jamais imaginadas, passou aceitar-se e a reconhecer-se como nunca sem se culpar. Conhecera Thiara que se tornou sua fiel companheira e confidente.
         A garota tinha quatorze luas e era a única sobrevivente do combate do Reino de Túria, onde havia perdido seus pais.
         Nessa Guerra a Feiticeira das sombras, Liene enviou os cavaleiros Negros e suas Druskas para envenenar o povo da aldeia, tudo isso para vingar a não concretização de seu amor com o Camponês Mouro. Com a culpa instalada nos corações a união de Túria ficou ameaçada e os ataques uns com os outros eram constantes: vinganças, traições, abuso de poder. Thiara tinha sido batizada por Mikael, então levava o toque da luz azul no meio de suas sobrancelhas, era  também protegida por Selene que a tinha resgatado e cuidado de seus ferimentos. Quando a garota estava curada Selene a enviou em missão para a cavalgada da vida, deixando-a na guarda das estaleiras ciganas: Anália e Anabel.
Um dos grandes passos da missão de Thiara era auxiliar Aira, estava escrito.
         A viagem de nossa guerreira era cheia de aventuras e desventuras, o encontro com as ciganas foi de suma importância, pois possivelmente seriam as primas de seu amor, mas nada era garantido e a princesa munida de força precisava seguir adiante. Tão pouco importava agora essas possibilidades mas o encaixe das peças, fatos, pessoas e situações em sua vida e como lidar com elas generosamente.
         O contato com as rochas e a água salgada fizeram com que suas idéias amadurecessem. Por lá conheceu  o Príncipe Lagúnio que lhe propôs casamento. De lá ela teve que sair fugida não por que o desprezasse, nem tão pouco por não sentir nada por ele, mais ainda era pouco mas e não era suficiente para juras eternas, ela precisava olhar e sentir algo que lhe subisse a espinha e florescesse o cérebro, coroasse a alma. 

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

CONTOS DO VENTO SUL- 1a parte


A Fábula do Vento do Sul

A Fábula do Vento do Sul não é uma lenda qualquer, é uma metáfora onde cada situação deve ser interpretada dentro das informações que se relacionam com as etapas, valores e sentimentos das relações do amor seja consigo mesmo, ou com o outro.
São sentimentos ligados aos relacionamentos do coração do ideal e com quem você o divide.


I
O CHAMADO DO TEMPO

Em um outro lugar, talvez em outro planeta ou até mesmo em outra dimensão, existe um Reino e como em quase em todos esses lugares, lá também vivia uma princesa:

Aira vivia encantada e feliz com a vida. Apesar de tudo que tinha vivia entediada no seu reino junto ao seu pai. O Reino de Ares tinha montanhas muito altas onde o vento soprava com grande intensidade, o guardião daquelas montanhas era o Grande Guerreiro Mikael que purificava à todos com o bater de suas grandes asas e a luz azul de sua espada flamejante. Ele curava a todos que ali iam em busca de respostas.
Cheia de conhecimentos, o maior questionamento da princesa era o amor, ela precisava encontrá-lo o puro e verdadeiro amor: estava decidida e pronta para viver essa sensação que não conhecia até então.
Uma vez que não existiam mais alternativas para sua busca interminável Veridiana, a Senhora do Tempo a visitou. Sensibilizada com o sofrimento de Aira ela a arrastou para o alto das montanhas onde fazia muito frio, os fortes ventos comandados por Mikael e sua corte celestial sopravam respostas e em pé numa rocha Veridiana  invocou os pássaros que harmonizaram um balé no céu enquanto aconselhava a princesa para meditar, acreditar, mas sem um mínimo esforço nada seria possível, ela precisava ir ao encontro do amor ele existia e esperava por ela também em algum lugar!
Neste instante o mais negro dos pássaros emitia sons como se dissesse algo. O pássaro chamava-se Gosto e atendeu ao chamado de sua Senhora , a Senhora do Tempo!
-Voe Gosto! Voe! Vá Gosto! Encontre-o e avise! Traga respostas! Voe para onde o vento soprar! Avise-o! Vá.
O vento soprava com muita intensidade indicando o Sul para onde Aira
Brevemente iria também, certa das verdades confirmadas por Veridiana.
O pássaro voou, voou até chegar no Reino de Cristalle onde as colinas eram cercadas por água pura e cristalina. Ali próximo a um lago espelhado estava um jovem moreno-claro de olhos esverdeados olhando o céu de um entardecer violeta intenso; percebia-se a grande influência exercida pelos guardiões da chama violeta nesse primeiro dia do 9º mês lunar do mundo Estelar, eles estavam transmutando todos os pensamentos que pudessem afetar Cristalle da ambição de sua Rainha, Cristalia.
         O jovem era Enzo príncipe de Cristalle, conhecido por todos pela sua nobreza interior, sensibilidade e honestidade e o mais importante sabia reconhecer pelos olhos a alma dos seres, assim como Aira, ele também buscava o amor e a verdade do coração.
         Cristalle era muito apreciada no mundo Esthelar pelos seus lagos especialmente o Espelho da Lua abençoado por Selene, A Senhora da Lua. O lago fora oferecido a cidade para banhar e proteger o Castelo de Cristal onde o príncipe vivia, nessa época o Rei Craus ainda era vivo e domínio da gélida Cristállia ainda não havia congelado parte dele.
         Naquela tarde Enzo buscava respostas olhando para o céu quando avistou o pássaro emitindo sons e dando rodopios no céu querendo lhe dizer algo.
         -Que estranho, parece que este pássaro quer me dizer alguma coisa, é uma
espécie rara só vi um desses ainda muito jovem nas montanhas de Ares caçando com meu pai.
         Gosto o fiel servo de Veridiana nunca falhou em uma missão, estava lá para agourar o encontro mágico que se sucederia em breve, mas como? Enzo não sabia da existência de Aira e ela por sua vez não sabia quem ele era e onde estava. Algo muito maior uniria os dois, o Destino do que há de ser, o que estava escrito não poderia ser apagado. Abram seus corações porque aqui começa a nossa aventura da Fábula do Vento do Sul. 

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

RESOLVI ME EXPOR


   
 Não que eu nunca tenha feito isso na vida, ser artista, falar em público, dar aula, escrever peças é uma forma de exposição e faço isso já há quase 19 anos.
    O que não faço é divulgar os processos que são filtrados para chegar ao resultado final, isso sim é exposição.
     Resolvi copilar cadernos e arquivos antigos para compartilhar com as pessoas.
    Semanalmente, aqui no “A Gosto”, publicarei: contos, reflexões (algumas antigas e piegas – rsrs), frases de filme que transformaram alguns pensamentos, e-mails e até cartas que definiram alguns relacionamentos – quem é diretamente envolvido pode ficar tranquilo por que não tenho interesse algum em divulgar nomes ou expor pessoas – a não ser que valha MUITO a pena ou eu tenha um carinho a ser compartilhado.
    Foi interessante refazer o percurso de quase 12 anos de escrita, me surpreendi com muita coisa e vai também um pouquinho de minhas crenças, mandingas e receitinhas culinárias (ADORO!).
    Bem, não paro por aqui:  a partir de fevereiro, no Blog da Cia Ganesh - http://ciaganesh.blogspot.com.br/ -  (companhia que comecei em 2006 desenvolvendo pesquisas de peças em espaços alternativos) vou dividir minhas experiências de processo de trabalho: as montagens, os exercícios, a construção dramatúrgica e por aí vai. Tudo isso aliado a minha parceira de anos e sócia Ganeshiana Airen Wormhoudt, vamos também postar comentários e dicas sobre o que anda rolando na cidade e por aí.
    Sim, são riscos, mas são deliciosos desafios.
    
Críticas e sugestões serão bem vindas!
Beijokas Humbertianas