O primeiro fora roubado, assim
como muitas coisas já haviam sido, assim como muitos eventos primeiros que
também não existiam mais.
A história de cada um deles era
muito peculiar: a aliança de bodas de prata de seu avô encaixara perfeitamente
em seu dedo após a morte dele, a aliança celta fora cobiçada na vitrina em
época ritualística de sua vida, o do dedão comprara de um camelô qualquer (e
ele jurou ser Maia quando vendeu) e os outros dois ganhara de uma amiga em tempos
diferentes, com significados diferentes – o Grego indicador e a aliança em
Cruz.
Já os brincos não eram símbolo da
adolescência, pelo contrário, fizera quatro furos significativos de uma jovial liberdade
adulta.
Com o tempo esses materiais tornaram-se
indicadores de situações e emoções, pretejavam, avermelhavam, azulavam... Às
vezes por nada, outras por tudo – independente de manter qualquer espinha ereta
ou o coração tranquilo, pois a mente, ahhh... Essa jamais lhe dera sossego.
Esses objetos eram tão parte dele
que pareciam tatuados, colados ou brotados de sua pele, sim, como os eczemas
emocionais que acompanhavam as variações de humor.
Existe uma hora que as coisas vão,
mesmo ficando eternamente impregnadas, como os sinais, os furos, as feridas.
Desapegar não é simples, mas a questão é ir e elas vão ou pelo menos mudam.
Bem, os anéis estavam velhos,
pretos, usados e não aguentavam mais fazer parte de algo, significar algo.
Foram depositados em um altar junto com suas dúvidas, medos e milhares de
pensamentos que insistiam em persegui-lo.
Agora não sabia se iria limpar
lustrar, voltar a usar ou... Abandonar de vez.
04/07/2013
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