domingo, 11 de setembro de 2011


DESPEDIDA

 Já está chegando a hora de ir? Tudo indicava que sim, ele não sabia se partiria estava partido de alguma forma, as coisas estavam partindo de dentro p/ fora...alergia, euforia...resistência, ansiedade, rejeição do belo que não cria, defeito no que se tem, solidão na ausência, falta de presença, presença de si...falta de objetividade de confiança, de ação, de partir, quebrar, de um ponto de partida!
Via dia-a-dia as pessoas partirem: Pelos atos, pelos fatos,pela energia emanada dos pensamentos delas mesmas, que necessitavam partir, mas como não tinham coragem colocavam essa responsabilidade no outro, nos outros. E os outros? Será que eles também não precisavam partir para algum lugar? De algum lugar? Disseram que não iam pois não era conveniente, para os outros, não para eles. Contraditório, não é?
            Muitas vezes sabe-se o que deve ser feito para deixar alguma coisa para trás, a consciência está ali gritando e empaca-se. È como largar a mala na estação de trem e sair correndo com medo de embarcar... o que vale anos depois voltar buscar a mala velha se você não partiu? É bem pior tentar partir sentindo culpa e carregar a velha mala que devia ter sido a companheira em uma jornada incrível que foi rejeitada...
            Reflexões e flexões... caminhadas e posições...R E S P I R A Ç Õ E S! Pensava no todo que levaria alguma coisa para algum lugar... um medo de aceitar o que já tinha aceitado e uma vontade de mudar o que ainda seria mudado...precisava abrir as janelas, mas estava frio e para enfrentá-lo precisaria fazer as pazes com uma velha e sábia amiga: A CORAGEM... mas ela tinha partido para algum lugar, sem avisar, sem medo de ser julgada. Fazia força para encontrá-la e quanto mais esforçava-se mais força perdia... que confusão!
       Em trânsito... as coisas estavam em trânsito, sua cabeça e sua vida estavam em trânsito...congestionado diga-se de passagem!
            A Despedida continuava, eram pedras na visícula, feridas que impediam as pernas de andar, feridas que queimavam a cabeça e o pensamento, cachorros que sumiam, casamentos que acabavam, esperanças que se mostraram frustradas, almoços mau digeridos, perguntas sem respostas, malas feitas, desfeitas, velhas e novas... e agora?
            Precisava partir, partir de um ponto chamado centro. Centro de si. Aceitar o que vinha, não resistir as passagens, aos ritos, não complicar “Não queria mais nada inventado” (Exagerado)
            Era tempo de deixar ir... mas não só de refletir e refletir e refletir...era tempo de Agir! Não pensar no que aconteceu antes e no que poderia acontecer depois relacionado ao que já havia acontecido e ao que estava acontecendo... essa complexidade precisava ter um fim.
            Pensar e agir, responder e agradecer, sorrir e viver...
            A decisão estava tomada: ia encontrar CORAGEM, soube por alto de seu paradeiro, com certeza se partisse de um ponto de partida intuitivo encontraria seu rastro e sem dúvidas chegaria até ela, precisava de fé, auto-crença!
            Levava uma mala pequena, mas ainda era pesada... nela tinha coisas novas, e algumas coisas que ainda queriam partir...o importante era saber onde deixar cada uma delas e ter a perspectiva de encontrar o horizonte , A CORAGEM e depois dela um novo horizonte... precisava chegar, e depois partir, para começar: Despedir. Para despir: DESPEDIDA.

 

Humberto Gomes, 3 de agosto de 2010

Um comentário:

  1. DESPIR, DESPEDIR.
    Meu Deus, que soco no meu estômago!
    Amo vc, amigo!
    Deus abençoe tua sensibilidade e a tua CORAGEM de por essas coisas pra fora! Escrever é entrar em contato com Deus, com você mesmo, e é necessário CORAGEM! Coragem que eu tanto "invejo". Pois como diria um lindo autor contemporâneo:
    "É fácil enxergar a coragem nos outros. Difícil é enxergar a coragem em você mesmo".

    SIGA SEUS CONSELHOS... SEJA FELIZ, VIVA. NÃO HÁ DIA ALÉM DE HOJE.
    beijos de amor.

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