IV
O RESGATE
Resgatada pelos corújios guardiões da
sabedoria, Aira se lembrou após usar o chá de opio- teve visões importantes
como a chuva de arroz e os fatos simbólicos que já havia passado. Lembrou que
Azúlia, a borboleta amorosa, havia lhe mostrado o caminho para sair do bosque
do esquecimento.
Contou aos corújios suas angústias e
percalços na jornada e antes de partir, no meio da chuva que caia intensamente,
Gosto voltou. Há muito que não via o pássaro, por isso soube que era o momento
de partir, pois a viajem continuaria.
Ansiada pelo encontro com Esthela a Senhora
do Portal Estelar, sabia que com ela encontraria novas diretrizes, completaria
parte do seu ciclo, seria batizada em uma chuva de estrelas cadentes e como já
dito possivelmente poderia encontrar Enzo próximo ao portal.
Nesse momento o vento do Sul soprava
forte, Zurieu indicava através dele a direção às vezes parecia tentar
enganá-la, mas suas palavras pesavam como chumbo para Aira:
- Tudo tem uma razão não importa a qual.
Pensativa, seguiu rumo ao Portal Estelar
pensando no sonho que tivera anteriormente : sonhara que seu encontro com
Esthela não foi como havia projetado, a guardiã a colocava em provas de fogo, tais
como, andar no fio da crina de um
unicórnio limitando o bem e o mal; perambular no labirinto das árvores falantes
que mudavam de direção; ficar presa no
Bosque do esquecimento até encontrar o portal; Depois das difíceis provas se
encontrava com Ênfio o falso Elfo do amor, um jovem sedutor, caprichoso que não
se importava com os sentimentos dos seres do Reino que o circulavam e sim com
sua coleção de conquistas;
Temia que o pássaro não fosse gosto e
que o príncipe de Cristalle não fosse Enzo, era preciso atravessar o portal
para se entregar e amadurecer.
-Tem que estar presente e se fazer
presente! Amor requer manutenção essa é uma grande lição do coração. As
certezas devem ser certas, os olhos enxergam, mas o coração é a porta, a
bússola que indicará o caminho. Entregue-se.
Foram as palavras de Solano, o Senhor
do Sol.
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