II
A JORNADA DE AIRA
Os
primeiros raios da aurora despontavam no céu, e as estrelas se recolhiam pouco
a pouco, a doce princesa estava munida de coragem e pronta para partir
segurando firme um grande galho dado por Veridiana, que lhe assegurou:
-Este galho irá protege-la. Quando
precisar invocar o vento erga-o para
cima e
clame por Zurieu, o Senhor dos Ventos te guiará; aproximando o galho da terra
encontrará segurança para seguir adiante, mantenha sempre os pés no chão! Em
choque com outros galhos terá fogo para aquece-la, o mesmo fogo irá impulsioná-la
para seguir em frente; colocando-o na água medite clame por Selene Sra da Lua e
sua intuição ficará mais aguçada, e acima de tudo siga sempre seu coração.
Que os guardiões da chama verde –limão esclareçam sempre
seu caminho filha, clame pelos guardiões da chama violeta para que te
purifiquem e transmutem suas fraquezas, pois elas sempre surgem. Que a corte de
Mikael te acompanhe em sua jornada!
Seguindo seu caminho Aira lembrava de cada palavra proferida por Veridiana. Os dias
passavam a cada instante uma novidade acontecia e mal podia imaginar a princesa
o que encontraria no seu tortuoso caminho.
Tem amor e
tem dor
Na fábula do
vento do sul
O destino
encontrará
Não há como
evitar
Você vai se
emocionar
São histórias
de arrepiar
Por isso
abram seus corações
Para a fábula
do vento do sul
O caminho brilhava e uma voz lhe dizia:
-Algo
está morrendo e uma nova pessoa está nascendo, no passado o sacrifício, o
oferecimento, mas a roda da vida gira valorize a coroa interior que carrega consigo, o equilíbrio permitirá a
você nutrir a força.
Aira estava confusa, para ela ainda existiam regras; ela
desconhecia a flexibilidade das alternativa, das exceções era preciso quebrar
esses valores para poder encontrar o amor. Mas como?
No convívio com seu povo, a princesa
conheceu e aprendeu coisas jamais imaginadas, passou aceitar-se e a
reconhecer-se como nunca sem se culpar. Conhecera Thiara que se tornou sua fiel
companheira e confidente.
A garota tinha quatorze luas e era a
única sobrevivente do combate do Reino de Túria, onde havia perdido seus pais.
Nessa Guerra a Feiticeira das sombras, Liene
enviou os cavaleiros Negros e suas Druskas para envenenar o povo da aldeia,
tudo isso para vingar a não concretização de seu amor com o Camponês Mouro. Com
a culpa instalada nos corações a união de Túria ficou ameaçada e os ataques uns
com os outros eram constantes: vinganças, traições, abuso de poder. Thiara tinha
sido batizada por Mikael, então levava o toque da luz azul no meio de suas sobrancelhas,
era também protegida por Selene que a
tinha resgatado e cuidado de seus ferimentos. Quando a garota estava curada Selene
a enviou em missão para a cavalgada da vida, deixando-a na guarda das
estaleiras ciganas: Anália e Anabel.
Um dos
grandes passos da missão de Thiara era auxiliar Aira, estava escrito.
A viagem de nossa guerreira era cheia
de aventuras e desventuras, o encontro com as ciganas foi de suma importância,
pois possivelmente seriam as primas de seu amor, mas nada era garantido e a princesa
munida de força precisava seguir adiante. Tão pouco importava agora essas
possibilidades mas o encaixe das peças, fatos, pessoas e situações em sua vida
e como lidar com elas generosamente.
O contato com as rochas e a água salgada
fizeram com que suas idéias amadurecessem. Por lá conheceu o Príncipe Lagúnio que lhe propôs casamento.
De lá ela teve que sair fugida não por que o desprezasse, nem tão pouco por não
sentir nada por ele, mais ainda era pouco mas e não era suficiente para juras
eternas, ela precisava olhar e sentir algo que lhe subisse a espinha e
florescesse o cérebro, coroasse a alma.
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